sexta-feira, 10 de junho de 2011

Da última vez que vi Paris

Foi meio ligeira, a última vez que eu vi Paris. Foi só um final de viagem, por dois dias curtos, um frio que cortava a pele. Foi em 2006, quando levamos a nossa Sabrina, então com 1 ano e pouquinho, pra umas férias muito loucas da pesada na Europa. E Paris, mesmo assim tão rapidamente, se comportou tão bem.

Já tive a chance de percorrer a capital francesa por três vezes. Juntando tudo, acho que já passei uns 20 dias por lá. Mas nunca tive a pretensão de dizer que conheço Paris. Não, não. Conhecer Paris, acho, deve levar mais que uma vida. O que a gente pode fazer por lá - em férias de fato ou só de passagem - é visitar uns pontos focais e se encantar. Se encantar muito.

Os pontos de parada são aqueles lá: Museu do Louvre (há quem diga que precisa de três dias pra conhecer, mas, de novo, nem tenha essa pretensão e passe lá as três, quatro horas que os mortais aguentam caminhar e observar com atenção, sem fazer "leitura dinâmica" das obras); Museu D'Orsay (pequerrucho, se comparado ao Louvre, mas uma delícia de visitar justamente por ser assim, compacto e decidido, lindo quanto às obras e quanto ao prédio em si); Torre Eiffel (deixa de ser muquirana e paga o elevador até o topo, s'il vous plait?); Arco do Triunfo (tem escadinha interna que leva ao topo e a uma das melhores vistas da cidade, suba!); um giro na boemia de Montmartre; um giro no descolamento do Marais; um giro na pompa de Saint-Germain des Prés... Ah, olha, têm muitos giros mais.

Paris tem ainda museus mais exclusivos (como o Rodin e o Centro Pompidou), os jardins incrivelmente bem delineados (Tuileries é bacana, mas Luxemburgo é especial), praças de sonho (eu sou Place des Voges até morrer), restaurantes excelentes (e caros... e outros bons e baratos... e outros ruins e caros... bom, vai da tentativa-e-erro). Paris pode entreter até o cidadão mais chato do mundo com algum atributo. Impossível criar enfado em Paris.

Até porque, um dos melhores programas por lá não requer dinheiro nem conhecimentos específicos. O melhor programa nessa cidade, eu ainda acho, é caminhar. S'promèner, como eles dizem lá. Passear, flanar, sentir o vento no rosto ao passar por lojinhas de doces com 400 anos de vida ou esbarrar com não-tão-doces senhoras a caminho da padaria. Sentar na escadaria da Sacré Coeur e olhar a vista, debruçar na sua ponte favorita sobre o Sena e fazer planos.

E dá inclusive pra ir caminhar mais longe - num tour até Versailles, por exemplo, caminhar pelos jardins por mais de hora pensando no que aqueles reis tinham na cachola é a maior diversão.

Da última vez que vi Paris foi assim, só caminhadas, passeios no parque e um ponto focal ou outro. Ainda assim, valeu cada segundo. Por isso essa cidade é boa de constar no roteiro mesmo que só de passagem, por míseros dias ou horas até. Paris tem sempre lugar pra mais alguém que, sem conhecê-la, quer visitá-la.


Sabrina se encantando ligeiramente, muitos anos atrás