segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Separado ou tudo junto?

Tem muita gente que faz coisas que eu admiro - como aqueles que sempre dão bons conselhos, aqueles que se lançam no trabalho voluntário e aqueles que sabem tricotar. No âmbito das viagens, eu admiro muito mesmo as pessoas que sabem viajar sozinhas. Porque essa é uma ciência profunda.

Viajar sozinho implica em muitas, muitas variáveis. Sim, tem a parte de jogar a mochila nos ombros sem olhar pra trás e não precisar ficar decidindo nada com outro alguém. Isso não implica variável nenhuma - é seguir o próprio gosto e fim de papo. Mas tem o restante.

Primeiro, tem a segurança. Viajar sem mais alguém problematiza, por exemplo, que a gente passe mal e seja levado pros doutores por alguém que não conhecemos ou confiamos. E se o sujeito está lá, infando o peito com o vento que sopra nas florestas da Costa Rica, e tem um súbito desmaio com a brisa cheia de saúde? Quem vai arrastar o desgramado pra ser visto por um autêntico curandeiro autodidata? E se, numa dessas, aplicam unguento de gengibre onde era pra aplicar pasta de babosa?

Sério, o viajante solitário precisa se precaver. Ter um bom seguro-saúde, deixar os contatos de todos os pontos de parada com um familiar e ainda pensar bem se vai se jogar em passeios arrojados e/ou sair à noite. Sim, porque sair à noite sozinho pode ser mais perigoso do que descer as cataratas num barril. Ficar lá na mesinha bebericando e olhando em volta, fazendo contato visual com estranhos e esperando que a porção de fritas não seja grande demais pra um... Dureza.

Tem ainda aquele caso clássico de estar parado em frente à Golden Gate, linda e vermelhona, conhecendo cada metro dela a bordo de uma bicicleta descolada... e não ter pra quem gritar "isso é legal demais!!". Já fiz algumas viagens a trabalho, sozinha, nas quais tive a chance de dar escapadas turísticas. Foi um pouco melancólico pra mim. Tomar aquele café incrível em Buenos Aires e não ter com quem comentar; estar no espetacular farol da Ilha do Mel, vendo AQUELE por-do-sol, e não ter quem abraçar; estar presa no quarto do hotel curitibano por conta da chuva e não ter quem ouvisse todos os xingamentos.

Sendo justa, eu já escutei muitos relatos de amigos que sempre viajam sozinhos e não vêem nada de ruim nisso. A jogada parece ser boa mesmo: ao viajar sozinho, tem-se a chance de fazer novos amigos - nem que seja de modo compulsório; de falar outra língua o tempo todo e se achar sendo muito bem entendido enquanto aprende novas palavras; de desbravar lugares onde uma suposta companhia, talvez, não quisesse ir. Comer o que quiser, parar a qualquer hora, dormir sem ser sacudido por um traste que desperta às 7h e tem animação de monitor de acampamento...

Já descobri que quem viaja sozinho pode, por exemplo, se sentir muito melhor em um alguergue classe-média do que num super hotel de luxo. O albergue, que tem a característica de ser passagem de gente de todo canto, une mais os visitantes e propicia até formar um grupo pra passear junto. No hotelzão... bom, você pode sentar no lobby e puxar conversa, mas também pode acabar levando um spray de pimenta na cara por causa disso.

O diabo é que viajar sozinho, muitas vezes, não é opção - é a falta dela. A pessoa até queria uma companhia, mas cadê achar um desalmado que esqueça tudo e embarque pra 12 dias de trekking na Mongólia? Deixar os sonhos de lado, porém, não cabe: muito melhor estar sozinho naquela vila de pescadores que a gente desejou tanto ver do que acompanhado em um resort com cara de Projac.

Ao viajar em vôo solo é preciso ter apenas uma coisa na cabeça: estar sozinho muitas vezes pode ser relaxante e bom pro descanso da alma, enquanto estar acompanhado não é garantia de bons momentos. Fazendo uma pesquisa, garanto que as viagens nunca são estragadas por tempo ruim ou mala extraviada - e sim por estar com alguém insuportável ao lado. A chuva a gente vence usando capa; já com o mala-sem-alça, não tem capa de invisibilidade que dê jeito.

Sendo assim, é bom avaliar muito bem a escolha de ir passear pelo mundo em solitário. Fazer uma lista de prós e contras antes de decidir convidar alguém ou de botar o pé na estrada sem um outro alguém. E aí é curtir uma viagem com alegria plena de estar junto ou separado.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Para minha tia - e a quem interessar possa

Minha tia Maria Inês partiu, semanas atrás, para sua primeira investida européia. Mãe dedicada de três gigantes, esposa amorosa e figuraça ímpar, a minha tia estava apreenssiva ao telefone quando liguei pra desejar dias incríveis. Normal pra uma primeira saída dessas. Tentei explicar que, lógico, tudo daria certo, mandei minhas good vibes e me dispus a escrever umas linhas de dicas pra ela, caso sobrasse tempo entre uma fila e outra (verão europeu... até dá saudades da zorra que fica aquilo). Ela aceitou de bate-pronto - e o relato que corre abaixo seguiu com a minha tia Velho Mundo afora.

Ela voltou tem alguns dias e ainda não nos falamos ao vivo, mas soube por outros que ela amou cada segundo. E que meu guia mixuruco, olha só!, foi parar nas mãos de coleguinhas de excursão da tia que curtiram bastante as indicações e me agradeceram por isso. Quanta honra pra uma pobre escrevinhadora, fiquei feliz mesmo.

Daí eu decidi que, ué, se um povo que eu nem conheço curtiu as obviedades, talvez o leitor aí tenha também um tio ou tia de partida pra um tour europeu e queira repassar. Ou, sei lá, você aí está querendo viajar sem sair da cadeira só por hoje, enquanto seu chefe não tá olhando... Fazer assim? Então segura na minha mão, finge que é minha tia Maria Inês e embarquemos em um roteiro pelas cidades mais carimbadas da Europa. Bora?

Paris
Como disse pra você, Tia, eu acho Paris um dos melhores lugares do mundo pra caminhar, olhar as pessoas, curtir sem pressa. Joie de vivre, saca? Bom, uma vez caminhando, claro que vocês devem querer ir:

No Louvre - bobagem querer ver tudo, impossível e dá um cansaço incrível. Passando umas três horas, uma tarde, dá pra selecionar no mapinha o que é mais do gosto e ver o que dá. Só não perca a sala de esculturas onde está O Beijo de Cupido e Psique, que é lindo.

Museu D'Orsay - pequenino e muito lindo. Só o prédio já vale a visita, porque era uma estação de trens e é tudo maravilhoso lá dentro. Destaque para as pinturas, os Monets mais encantadores.

Arco do Triunfo - é legal caminhar pela avenida Champs Elysée até o arco. Ele fica na etoile, a rotatória mais bonita que existe! Tem passagem subterrânea até ele e, uma vez lá, tentem subir os degraus (muitos...) até o topo, que a vista é simplesmente incrível.

Torre Eiffel - tem que subir, viu? TEM! Até o topo. O elevador custa uns trocos, mas vale a pena. A fila é indecente, mas perseverem.

Comida! - olha, é caro comer (bem) em Paris, não vou mentir. Em geral a gente procura uns restaurantes pequenos onde têm sanduíches ou aposta na Gallerie Lafayette. Sim, é uma loja de departamentos gigante - e, lá no topo dela, tem um restaurante tipo bandejão muito bom. Notem que a garrafinha pequena de vinho custa menos que a Coca-Cola! Como não amar?

Passeios! - eu adoro cada praça de Paris a ponto de querer virar mendiga lá só pra dormir naqueles bancos! Recomendo irem à Place des Vosges, no bairro do Marais, a mais bonita. E também ao Jardin de Luxembourg. E a Tulleries, aquele que fica em frente do Louvre. Além disso, acho que vale passear longamente no bairro de Montmartre (alô, assistiu Amelie Poulain? Tudo lá!). A igreja de Sacre-Coeur é linda (por fora, não entrei) e o bairro todo é uma delícia. Peguem o funiculaire (bondinho) pra chegar lá, que a subida é assassina.


Veneza
Tudo o que eu digo sobre Veneza é que parece aquelas cidadezinhas colocadas dentro da bola de vidro com água, aquelas que a gente guarda na estante. É outro mundo, diferente de tudo. Por isso mesmo lá não adianta nada querer olhar mapas... O negócio é ir pelos becos vendo tudo o que passa e seguindo as plaquinhas da ponte Rialto, da Estação ou da Pizza San Marco. Olhando as placas, vocês chegam! E se virem algo no caminho e quiserem comprar, comprem na hora, porque achar de novo o mesmo lugar é quase impossível.

Gondola! - façam o passeio. Custa uma facada, mas vale a memória pra sempre.

Piazza San Marco - vale o giro pela praça em si, vale entrar na catedral (reparem nos mosaicos no chão instável, que loucura) e vale ir no Palácio dos Doges também (eu tive um pouco de nervoso, mas é legal ver a Ponte dos Suspiros por dentro). Tomem um cafezinho num dos dois cafés das laterais. É icônico.

Comida! - Veneza tem culinária baseada nos frutos do mar - e são incríveis. Ao lado da ponte Rialto eu comi um macarrão com molho branco com lagosta que está no Top Ten das melhores coisas que já comi na vida.


Florença
Lindíssima e, em geral, abarrotada de turistas. Difícil fugir, porque eles estão em quase toda parte. Mas o melhor de Florença é isso mesmo, saber que ela atrai gente há centenas de anos e continua lá, doce e singela. Recomendo pacas:

Galleria dell'Accademia - onde está a estátua original do Davi (do irritadinho Michelangelo). É o ponto focal do lugar. E a fila é escandalosa, cheguem cedo. Ou comprem os tickets antecipadamente (sei que tem jeito de fazer isso pela internet pra Accademia e para a Galeria Uffizi, mas como nunca fiz não sei como proceder. Só sei que vale ir!).

Ponte Vecchio - é só uma passagem sobre o rio com lojas por toda a extensão. Mas é uma belezura.

Duomo - nunca entrei, porque também tem fila demais. Mas dizem que ela é o contrário do Duomo de Siena: em Florença, é trabalhada por fora e "clean" por dentro; em Siena é sem graça por fora e linda por dentro.

Giardino di Boboli - fica a uma boa caminhadinha desde a Ponte Vecchio. O museu que tem lá não importa muito, o legal mesmo é o imenso jardim com fontes, vielas pra passear, laguinhos e muitos artistas desenhando o que vêem. É poético.

Gilli - a cafeteria fica na Piazza della Republica, bem no miolo da cidade, e funciona ali, dizem, desde 1733! Eu sei que vai estar calor, mas foi o melhor chocolate quente que eu tomei na vida, parecia lava doce.


Roma
É minha, tá? Minha cidade, pode tirar os olhos! Mas tudo bem, que um dia eu vou morar lá e convido vocês pra me visitarem. Roma é simplesmente um dos lugares mais especiais da Terra, tia. Porque é zoada, porque é barulhenta, porque é inusitada. Porque tem personalidade. E como indicar coisas a fazer em Roma, caramba... Eu precisei ir três vezes pra ver só uma parte. Então vocês escolhem o que é mais legal.

Scalinata di Spagna - começo por ela porque, ave, que coisa incrível ver gente do mundo todo se aglomerar numa modesta escadaria. Bom, nem tão modesta, que é enorme. E é a coisa mais romana sentar ali, tomar gelatto, beber água da Fontana della Barcaccia (podem beber, as fontes de Roma são potáveis na maioria. E geladinhas, e deliciosas, e placam o calor... nhami!).

Fontana de Trevi - é só tomar cuidado pra outro turista não lhe arremessar uma moeda bem na cara que o passeio vai bem. Sim, porque ela está sempre, o dia todo, lotada. Mas tem que ir, tem que jogar a moeda e tem que apreciar o trabalho de Bernini, o escultor que era um deus.

Piazza Navona - três fontes lindas, uma praça gigante... vão, tirem as melhores fotos, riam com as estátuas vivas esquisitonas e não deixem de ir dali até Campo dei Fiori, onde tem a feira livre e muitas bibocas ótimas pra almoçar. Fica perto também do Pantheon, que é muito bacana de conhecer (com aquela abertura no teto e a luz que entra... coisa mágica).

Vaticano - bom, eu nem sou a maior carola do pedaço, mas achei um passeio incrível. Aquela Basílica, mio Dio... Fiquei horas lá dentro só apreciando o aspecto artístico. É bom chegar cedo, porque é outro ponto sempre tumultuado de gente. Mas se forem à tarde, tudo bem também. O bom é que a fila do Museu do Vaticano, logo ao lado, pode estar bem menor - e é PRECISO entrar lá por causa da Capela Sistina. Ai, ai, quem perder a Capela Sistina apanha de mim.

Outra igrejas - informo as minhas prediletas pessoais, mas são tantas que vocês mesmos vão achar suas preferidas: Gesú (grandiosa), San Pietro in Vincoli (dura de achar, num beco miúdo, mas é onde está o Moisés); Santa Maria Sopra Minerva (que tem um teto azul legal demais).

Parque - eu acho que todo mundo deveria passar umas horas na Villa Borghese, fazendo piquenique, só pra se sentir mais vivo que nunca.

Coliseo e Forum - Pra ver ambos bem vistos leva quase um dia todo. Mas vale a pena. É como estar no túnel do tempo, só esperando o leão sair da grade e vir pro pau ou as sacerdotisas sairem dos templos pra bater um papo. Não tenham pressa, curtam o clima, essa é a viagem.

Comida! - o bom de Roma (precisava mais?) é que qualquer restaurantinho pequerrucho tem uma comida boa, honesta, saborosa. Vão na fé - e procure os lugares onde tiver mais gente falando italiano, sempre dá certo. Ah! E saiam alguma noite para jantar no Trastevere, o bairro dos restaurantes bons e da galera. É divino. E depois queimem o excesso de comida numa boa caminhada ao longo do rio Tevere. E me levem no pensamento, que pra mim isso já é um prazer. Boa viagem, tia!


Deixem que eu guie todos vocês? Pra sempre?


quinta-feira, 14 de julho de 2011

O bonde do turistão

Esse post já começa errado porque, a rigor, eu nunca embarquei de férias com um voucher de excursão em punho. Eu não deveria, desse modo, estar metendo a minha colher nessa farofa. Mas, ah, já fiz farofa semelhante, vá. Já fiz curtas excursões de bate-volta e aquelas viagens com a firma do meu marido, o Viajante Profissional, na cola. Eis, então, que me acho apta a falar sobre viagens com excursão embutida, seus prós e contras.

Bom, a bem da verdade eu nunca embarquei em excursões porque tenho coceira só de pensar nelas. Tinha, pelo menos. No momento, tento ser mais mente aberta. Excursões são formatos cabíveis de viagem, acho, para aquelas pessoas que ficam muitíssimo inseguras de rodar 26 países em cinco dias sem saber tomar trem ou pedir café em alemão; excursão pode não ser pra mim ou pra você, turista que curte estudar os mapinhas e vasculhar formas de "sair daqui e chegar lá" por sua conta, no horário que bem entender, parando onde seus pés requisitarem. Mas excursões têm seu valor.

Não me surpreende a tia Clotilde e sua irmã Hortênsia quererem embarcar pra Europa, América do Sul ou Brasilsão afora a bordo de um ônibus leito com guia falando português. Acho certo. Elas não se interessam pelo trajeto exatamente, e sim por chegar. Nesse caso, se a questão é a comodidade - e aquela preguicinha inerente de certos humanos - a excursão vem a calhar. E vamos lá suportar a voz sonolenta do guia que descreve eventos desde a Idade Média pra embalar o nosso sono, ué.

O ruim mesmo da excursão (e, no meu caso, pelo menos, um verdadeiro "espalha roda"): embarcando numa dessas o roteiro não é seu, é de outrem. É um agente de turismo que escolhe as 12 cidades italianas onde o busão vai atracar e desembarcar a galera por 4 dias - por 5 minutos em cada lugar, sem muita onda de ficar observando e digerindo o monumento, o parque, o afresco. E corre, minha gente, que a barca já vai partir.

Pior que isso, só o fato de a maioria das excursões embutir paradas estratégicas naquela lojinha ou restaurante "conveniado". E aí a gente tem 13 segundos pra olhar a Torre de Belém por uma janela de ônibus, mas para por 2h40 na quitanda que vende doce de ovo. Eu sei que muitos gostam e tal, mas acho uma certa perda de tempo. E, mais grave, a gente perde o poder de escolha sobre parar ou não na tenda do doce de ovo, porque ao assinar a excursão isso vira ponto obrigatório.

Uma vez, quando visitei a Holanda e a Bélgica (e quem disser "credo, a BÉLGICA?" vai apanhar, que a Bélgica é um país legal e doce!) demos um drible no trem e decidimos embarcar em um ônibus turístico de Amsterdã até Bruxelas. Foi um belo golpe, porque saiu bem mais barato, foi mais confortável para lidar com as malas e ainda fizemos uma paradinha em Antuérpia - e não, eu nunca iria até a Antuérpia não fosse o ônibus parar lá, o que foi uma grata surpresa por aqueles 40 minutos.

Tudo foi ótimo até que, antes de fazer a parada final para desembarque, o guia decidiu parar numa loja de rendas. Juro, uma loja de rendas. Descemos do ônibus achando que tínhamos chegado e ó lá, uma montanha de toalhas de mesa, toalhas de mão, toalhas de banho - tudo com renda. Uma hora até todas as senhoras adquirirem seus lencinhos rendados e a gente poder chegar ao destino. Até hoje, quando eu vejo renda, me dá náusea.

Esse é o tipo de roubada que as excursões nos impõem. Por outro lado... bom, digamos que, a bordo das excursões da firma do Viajante Profissional, já passamos a frente de filas quilométricas só por estarmos em grupo; já adentramos vinícolas exclusivas, com tour de primeira linha e copo cheio por todo o percurso; já estivemos em castelos, museus e praias nos quais não teríamos estado não fosse a excursão ter exclusividade lá.

O recomendável para a maioria, acho eu, é avaliar bem que tipo de turismo se está fazendo. Não há razão, por exemplo, para estar de excursão em Paris. A língua não é obstáculo e tudo na cidade é muito simples de compreender e decidir (e pro caso de alguém não entender os avisos franceses, nos vagões mais antigos do metrô a gente precisa levantar a travinha da porta pra sair, tá bem? Informação de quem já perdeu mais de uma estação assim...). Ainda assim, se for o caso de sair do miolo da Cidade Luz para conhecer o palácio de Versailles ou castelos próximos, por exemplo, existem excursões de um dia cujos ônibus são confortabilíssimos, estacionam na entrada e o ticket já vai no preço. Vide http://www.pariscityrama.com.

É bem mais cômodo e certeiro do que passar a noite anterior com o nariz grudado no guia ou na internet tentando entender o RER que vai até o destino. Muitas vezes a perda de tempo não é a excursão, e sim os erros que vamos cometer no caminho até achar o maldito trem que desponta onde queremos. O melhor, assim, é ser versátil e embarcar na excursão conforme ela for conveniente. E simbora nanar ao som do guia sonolento.


Essa é uma cena de "Falando Grego", com a fofíssima Nia Vardalos como uma guia de excursão na Grécia. Só digo que o filme é safado, mas resume bem as alegrias/mazelas das excursões de turismo.


domingo, 3 de julho de 2011

Camelar ou vagabundear?

Toda vez que chega aquela boa oportunidade de dar uma escapada e viajar, vem logo a primeira dúvida: qual será a "pegada" dessas férias? Bunda na areia numa praia? Pança recheada num hotel tipo fazenda? Longas caminhadas pela metrópole afora? Festa radical em meio a trilhas, cordas, capacetes e aquela ideia masoquista de montar em uma bóia e se largar rio abaixo?

Escolher o mote da viagem fica, no fim das contas, entre duas possibilidade essenciais: se fazer de vagabundo ou se fazer de alucinado. Tem quem prefira a primeira opção; essas são as pessoas que, ao entrar em descanso, querem descanso DE FATO, sem gastar mais do que 28 calorias por dia (28 calorias essas que serão usadas apenas pra virar de lado na espreguiçadeira). É justo. Quem trabalha pra valer, sol a sol, se ferrando lindamente todo dia costuma preferir as férias vagabundas.

Nas férias vagabundas a gente só se alimenta do que estiver mais perto, só veste roupa que cabe na palma da mão, só faz exercício se esse exercício for se esgueirar até a piscina - e lá boiar. O bom das férias vagabundas é a certeza de voltar dela completamente renovado fisicamente. As dores do corpo aprisionado em ternos e sapatos fechados vão embora, cresce um pneuzinho delicioso nos flancos da barriga e até o cabelo tira uns dias de folga da chapinha. A contraindicação de férias assim é o banzo que vai dar na volta, quando a gente só conseguirá se lembrar de ter feito um sonoro nada.

Já as férias do outro tipo, as agitadinhas, congregam descanso-zero. Nelas a gente bate perna pra toda sorte de museu, restaurante, parque, monumento, igreja, escadaria ou faz tudo aquilo lá, os esportes radicais. É um tal de escalar pedra, escorregar na caverna, pendurar no cabo de aço, ralar joelho na terra, beber água de corredeira... Ufa. O corpo volta um caco - mas a mente, essa parece renovar cada ligação neurológica. Ao terminar, a gente só precisa fechar os olhos pra recordar feliz aquela linda estátua, aquele altar de ouro, aquele lago profundo, aquela luxação no dedão. É colocar a bolsa de água quente na lombar e curtir todas as novas referências.

Tanto um tipo de viagem quanto o outro tem suas vantagens. E cada tipo de pessoa curte mais ou menos cada uma delas. Tudo bem, tem gente que simplesmente odeia sentar de frente pro mar e passar a tarde na companhia de uma revista estúpida e uma piña colada, acha isso um desperdício; e tem quem deteste vestir sapatos confortáveis, segurar mapa e andar três horas pra encontrar uma maldita capela, acha isso uma babaquice. Mas eu acho que a melhor fórmula talvez seja intercalar.

Uns dias na preguiça no iníco do ano, uns dias de correria turística no meio dele... Quinze dias de dolce far niente no verão, quinze dias de compras, ingressos, mochilas e tênis reforçado na primavera. Que tal? Faz seu gênero? Taí uma dúvida boa de se ter.


Era tudo o que você queria? Ou faltam uns prédios aí?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Da última vez que vi Paris

Foi meio ligeira, a última vez que eu vi Paris. Foi só um final de viagem, por dois dias curtos, um frio que cortava a pele. Foi em 2006, quando levamos a nossa Sabrina, então com 1 ano e pouquinho, pra umas férias muito loucas da pesada na Europa. E Paris, mesmo assim tão rapidamente, se comportou tão bem.

Já tive a chance de percorrer a capital francesa por três vezes. Juntando tudo, acho que já passei uns 20 dias por lá. Mas nunca tive a pretensão de dizer que conheço Paris. Não, não. Conhecer Paris, acho, deve levar mais que uma vida. O que a gente pode fazer por lá - em férias de fato ou só de passagem - é visitar uns pontos focais e se encantar. Se encantar muito.

Os pontos de parada são aqueles lá: Museu do Louvre (há quem diga que precisa de três dias pra conhecer, mas, de novo, nem tenha essa pretensão e passe lá as três, quatro horas que os mortais aguentam caminhar e observar com atenção, sem fazer "leitura dinâmica" das obras); Museu D'Orsay (pequerrucho, se comparado ao Louvre, mas uma delícia de visitar justamente por ser assim, compacto e decidido, lindo quanto às obras e quanto ao prédio em si); Torre Eiffel (deixa de ser muquirana e paga o elevador até o topo, s'il vous plait?); Arco do Triunfo (tem escadinha interna que leva ao topo e a uma das melhores vistas da cidade, suba!); um giro na boemia de Montmartre; um giro no descolamento do Marais; um giro na pompa de Saint-Germain des Prés... Ah, olha, têm muitos giros mais.

Paris tem ainda museus mais exclusivos (como o Rodin e o Centro Pompidou), os jardins incrivelmente bem delineados (Tuileries é bacana, mas Luxemburgo é especial), praças de sonho (eu sou Place des Voges até morrer), restaurantes excelentes (e caros... e outros bons e baratos... e outros ruins e caros... bom, vai da tentativa-e-erro). Paris pode entreter até o cidadão mais chato do mundo com algum atributo. Impossível criar enfado em Paris.

Até porque, um dos melhores programas por lá não requer dinheiro nem conhecimentos específicos. O melhor programa nessa cidade, eu ainda acho, é caminhar. S'promèner, como eles dizem lá. Passear, flanar, sentir o vento no rosto ao passar por lojinhas de doces com 400 anos de vida ou esbarrar com não-tão-doces senhoras a caminho da padaria. Sentar na escadaria da Sacré Coeur e olhar a vista, debruçar na sua ponte favorita sobre o Sena e fazer planos.

E dá inclusive pra ir caminhar mais longe - num tour até Versailles, por exemplo, caminhar pelos jardins por mais de hora pensando no que aqueles reis tinham na cachola é a maior diversão.

Da última vez que vi Paris foi assim, só caminhadas, passeios no parque e um ponto focal ou outro. Ainda assim, valeu cada segundo. Por isso essa cidade é boa de constar no roteiro mesmo que só de passagem, por míseros dias ou horas até. Paris tem sempre lugar pra mais alguém que, sem conhecê-la, quer visitá-la.


Sabrina se encantando ligeiramente, muitos anos atrás

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Vai mesmo, sem vergonha!

O que cada um de nós faz ao viajar, fica na viagem. Mentira, não fica. Diversos momentos ficam só na memória, mas muitos outros são devidamente fotografados, filmados, despejados nos álbuns da internet... E aí tem sempre a patrulha que vem e crava "ai, não acredito que você, um homem desse tamanho, foi pra Disney tirar foto com a Branca de Neve?!". Deixa o cara, por favor? Tem programa que se deve fazer, sim, mesmo que seja um clichê embaraçoso.

E mesmo que seja mico, que seja caro, que seja demorado. Se é do seu gosto, se estava no seu sonho, faça mesmo. Circular pelos canais de Veneza, por exemplo, é passeio que custa muito. Quando o gondoleiro de chapéu engraçado dá o preço, a sensação é de um lindo punhal italiano atravessando seu pulmão (dada a falta de ar causada pelo valor). Há quem diga, inclusive, que além de caro é meio ridículo. Ficar lá, sentado naquele banco de chenile meio gasto com um sujeito remando e um milhão de turistas nas margens olhando pra sua cara... É, pode ser tudo isso mesmo. Mas também é algo que fica impregnado na alma pra sempre.

O mesmo vale para os passeios de carruagem pelo Central Park. Calculo que, hoje, um tour de meia horinha acabe saindo por uns US$ 35. Caro? Caríssimo - ainda mais sabendo que meia hora passa como um tiro e que os cavalos... bem, cheiram a cavalo. Ainda assim, experimente colocar seu filho, sobrinho ou irmãozinho nessa roubada. Eles surtam de alegria por estar circulando por aquela cidade imensa a bordo de uma carrocinha toda rococó! Vale cada segundo.

Posso dizer que os passeios-clichê costumam atingir em cheio, principalmente, o turista com mais idade. Quando a gente tem 20, 25 anos, acha tudo isso uma cretinice. Espera mais um tempinho e você vai ver... Subir até o cucuruto da Torre Eiffel não vai mais parecer um calvário, e sim o sonho mais brilhante. Tirar foto no morro da Urca com o famoso bondinho de fundo não vai parecer estúpido, e sim uma diversão ímpar. É que, conforme os anos avançam, as pessoas ficam mais sinceras consigo mesmas - e estão pouco se lixando pro que a molecada vai pensar.

O negócio é simplesmente fazer aquilo que a mente e o coração sempre quiseram fazer, independente da opinião alheia. Quando fui para Amsterdã, muitos anos atrás, minha mãe estava junto. Ela fincou pé em dois programas: ir conhecer os moinhos (os três que sobraram, nos arredores da capital holandesa) e fazer um passeio de barco pelos canais. Eu achei aquilo mei brega, vou ser honesta. E depois? Depois lá estava eu, deslumbrada com a meiguice dos moinhos e fazendo uma genuína cara feliz pra foto dentro do barquinho. Fazer o quê? O clichê só é clichê porque seus méritos o levaram a isso, acho.

Então se no próximo destino você quiser subir até o topo do Empire State, vai nessa. A fila é escrota mesmo e custa os tubos (e, além disso, subir o Rockfeller Center é mais rápido, barato e... tem vista pro Empire State!). Mas se é do seu agrado, vai nessa. Se é do seu agrado, pague e curta um giro pela London Eye; se é do seu agrado, ignore o povo e vá mergulhar com os botos em Manaus; se é do seu agrado, faça pose com a Beyoncé no museu de cera! Quem sabe quando haverá outra chance de ser óbvio e ficar contente com isso?


É divertido, sim. E vê se não enche?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mas que (ul)traje, hein?

Tudo bem, eu confesso: sou daquelas maricotinhas que adoram sentar confortavelmente num banco e ficar vendo o povo passar. E comentando. Em geral, é só nota mental mesmo, nada de maldizer (ou bendizer, que às vezes até acontece...) os outros em voz alta. Só gosto mesmo é de olhar, sabe? Ali na minha sacada, aqui na minha cidade, quando viajo... Um dos divertimentos favoritos é sempre parar, sentar e ver o movimento. Fiz isso outro dia no aeroporto. Gente, cada coisa, viu...

Juro, eu não sou de botar reparo, mas o pessoal não colabora. Impossível apenas observar sem embutir o aspecto crítico. O vestuário de quem viaja virou, por aqueles 60 minutos em que fiquei sentada na sala de embarque, um estudo sociológico.

Primeiro que nota-se de bate-pronto quem está acostumado a viajar e quem não está. Porque quem está acostumado a viajar sabe de certos segredinhos. Por exemplo: avião é um lugar apertado. Muito apertado. Corredor apertado, poltrona apertada, bagageiro apertado. Tudo feito pra você se esgueirar, não se espalhar. Daí que, quem está acostumado com isso, sabe que é melhor portar uma mala de mão pequenina, roupas maleáveis, sapatos confortáveis.

Quem não está, aparece pro embarque daquele jeito que notei: moças com salto-agulha, regatas de alcinha com jaqueta de couro, calça "mais justa que Deus"... Pode ser muito bonito, mas não é adequado ou prático.

Vejo garotinhas sendo levadas pelas mães usando vestidos, botas e meia-calça. Tadinhas. Criança devia viajar com aqueles pijamas de corpo inteiro, sabe? Aliás, todo mundo devia viajar com pijamas de corpo inteiro... Mas se para os adultos fica ridículo, pelo menos as crianças deviam estar liberadas do julgamento. Vamos então deixá-las fazer o trajeto de moletom e camiseta com blusa por cima e tênis?

Adolescentes marcham rumo ao portão com sapatos plataforma - quase desabando daqueles edifícios em forma de calçado. Levam consigo bolsas gigantescas, malas com rodinhas e até o travesseiro querido. Alguém devia pôr uma luz sobre aquelas lindas e jovens cabeças e explicar que, na aeronave, basta levar uma blusa, um livro, um aparato tecnológico se for o caso e uma bolsinha com chicletes, protetor labial e talvez um pente. Dá pra girar o globo apenas com isso, não precisa levar a discografia da Lady Gaga em CD, todas as Capricho da última década e o conjunto de maquiagem do Kiss...

Os homens costumam se sair um pouquinho melhor. Costumam estar vestidos casualmente, sapatos sem cadarço e sacola compacta pra agilizar a passagem pelo raio-X. Exceto por aqueles que rebocam consigo verdadeiros contâiners sobre rodinhas - e depois querem socar o monolito no bagageiro, doa a quem doer (em geral dói nas bolsas dos outros, que ficam pra lá de espremidas no cantinho do compartimento, ou na cabeça de quem está na poltrona abaixo, um alvo fácil).

Adoro observar, por outro lado, quem faz sua viagem de modo esperto. Vi moças com calças malemolentes, nem largonas e nem justas, e blusas aprumadas e quentinhas (boas pra servir de coberta no gelido ar da cabine). Muitas usavam sapatilhas, a bendita onda do momento, ou sapatos fechados bem simples, bons de colocar/tirar sem exigir contorcionismo.

Algumas prendiam o cabelo apenas com piranhas ou elásticos, sem penteados elaborados que, depois de horas de ar condicionado e sono revirado, viram uma peruca atropelada. As bolsas compactas fechavam a questão, e algumas até descolavam aquelas de usar atravessadas no corpo, boas para deixar as mãos livres enquanto despachamos ou recuperamos a bagagem maior.

Vi inclusive uma moça, seu marido e um garotinho viajando todos com aqueles sapatos tipo Crocs. Nada de bandalheira: estavam arrumadinhos, com bolsas coladas no corpo e a pequena mochila do bebê, e usando seus sapatos ultra-mega-power-confortáveis. Invejei. Na próxima viagem, quero ser desapegada o suficiente pra escolher uma vestimenta que comporte um sapato assim e fazer o trajeto com vestuário ainda mais repleto de conforto, praticidade e estilo. Viu como botar reparo às vezes faz bem?

Você vê e acha esquisito? Eu vejo um bom uniforme pra viagem!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Tem, mas tá quase acabando

Vocês também sentem aquela agoniazinha quando lêem notícias sobre "então, ilhas da Polinésia tendem a desaparecer, vá logo antes que suma". Eu nem sei se um dia terei verba/disposição pra percorrer cada diminuta ilhota polinésia, mas só de saber que pode sumir...

Pior que não é só uma porção de terra aqui, outra acolá. Especialistas vivem a detectar lugares com tendência a desaparecer do mapa. Ontem mesmo a revista Budget Travel listou os dez locais de pegada natural com maior possibilidade de evanescer do mundo. Segura aí - e marca logo a passagem, senão vai perder, playboy.

Grande Barreira de Recifes de Belize
É só continuar a zoar com o clima que a maior parte das 700 milhas da barreira de corais que vai do México a Honduras vai sumir rapidinho. O monitoramento diz que o aquecimento global vem matando os corais e que até 2030 capaz de não ter mais nada...

Bacia do Congo
Depois da Amazônia, a floresta tropical do Congo é a maior do mundo. Mas mesmo esse porte avantajado corre risco. Por causa do crescimento de fazendas, pecuária, guerrilhas e quetais, os gorilas, elefantes e okapis devem ficar sem dois terços de sua casa em coisa de 20 anos.

Mar Morto
Tão célebre entre religiosos, tão apreciado por turistas... e moribundo de verdade. O Mar Morto vem encolhendo coisa de 33 centímetros por ano. Resorts e restaurantes que antes eram "a beira-mar" agora precisam editar os panfletos e dizer que estão a 2 km da costa. Claro que a ação de indústrias que jogam porcaria no Rio Jordão, que abastece o Mar Morto, têm tudo a ver com isso.

Everglades
Hoje, o pântano mais famoso da Flórida já tem metade do tamanho que tinha em 1900. Em 40 anos, os felinos residentes na área, como a pantera, devem ter desaparecido.

Florestas de Madagascar
Era tudo muito lindo, bem desenhado e engraçadinho do desenho, né? Mas a Madagascar real, tão cheia de vida, vem sendo passada a ferro por empreendimentos imobiliários, fazendas que queimam a mata... Vinte espécies de lêmures, aquela coisa doce, estão ameaçadas já! Eu me remexo muito, viu...

Maldivas
Esse já é velho conhecido dos cientistas que estudam a elevação dos oceanos e o possível sumiço de certas ilhas. Considerando que as Maldivas estão a meros 2,5 metros do nível do mar, é de se entender por que em 2008 o presidente de lá anunciou estar comprando terras em outros países para acomodar o povo.

Os pólos
Eu nem posso dizer da minha tristeza pela previsão de desaparecimento dos pinguins imperadores, um dos meus animais prediletos. Isso pra não falar também da ameaça aos ursos polares, baleias, peixes, focas... Estão bem, nossos pólos norte e sul, né? Em 20 a 40 anos, os cientistas dizem que nenhum gelo estará mais se formando lá.

Rajastão
A área da Índia onde vivem os tigres selvagens já encolheu 93%. Em pouco mais de uma década ela pode nem existir mais - assim como seus garbosos moradores (e olha que eles somavam 100 mil indivíduos há um século). Parece que morre um tigre por dia por ali. O homem é um bicho estúpido ou o quê, hein?

Floresta de Tahuamanu
Eu queria visitar essa floresta tropical peruana que é lar das árvores de mogno (mogno este que é decepado e vê 80% da carga viajar para os Estados Unidos). Além disso, a área vem sendo assolada pela exploração maluca da mineração - que, é claro, acha bonito jogar mercúrio nos rios.

Bacia do Yang-Tsé
Quando eu comecei na vida de jornalista da área de turismo, rezava toda noite pra Nossa Senhora dar uma luz na cachola dos meus editores e me mandar pra China reportar o Yang-Tsé. Coisa mais linda aquele riozão correndo pelas planícies e se misturando ao tom amarelo-alaranjado do fim de tarde chinês. Pois agora acho que a pauta vale como nunca - pra ver se cessam o corte de árvores nas margens e a instalação de centenas de fábricas, mineradoras e fazendas no entorno. Poxa, eu queria ver o rio correr solto pra sempre. Mas acho que preciso me apressar mais em registrar a paisagem.


Se quiser ver o rio correr, corre

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um programa debaixo d'água

Se tem um passeio bacana de fazer em algumas cidades espertas do mundo, esse passeio é conhecer aquários. Mas nada de ver aqueles estabelecimentos mirrados, com tanques esverdeados repletos de sardinhas tristes. Esses são maracutaia pra atrair turista bobo e explorar e arruinar a vida de bichinhos nadadores indefesos. Legais são os mega-aquários, aqueles que funcionam como cidades, cuidam muito bem de seus moradores e ainda ensinam a galera sobre a importância de respeitar os povos d'água.

Tem, por exemplo, o Oceanário de Lisboa, que funciona como um museu vivo sobre a vida marinha e lotadinho de tubarões, arraias e aqueles bichões todos. Tem também o L'Aquarium Barcelona, lindíssimo e modernão, com um túnel sub de 80 metros pra gente caminhar dentro e fingir de peixe.

Dos que visitei, o aquário da cidade de Monterey, na Califórnia, talvez seja o mais legal. Primeiro porque tem os imensos tanques onde a gente vê diversas espécies - inclusive um tanque principal, oceânico, com animais enormes, cardumes e um troço esquisitíssimo, o peixe-lua, que é coisa da pré-história e dá um certo nervoso. É muito divertido ver as lontras brincando e também as águas-vivas de todos os tamanhos (algumas grandes como um escorredor de macarrão e lindamente alaranjadas).

Um dos pontos mais interessantes, no entanto, é o tanque aberto no qual a gente pode tocar em bichinhos como estrelas-do-mar e/ou dar comidinha na boca das arraias. Tudo o que se quiser saber pode ser prontamente respondido por velhinhos simpáticos que trabalham ali como voluntários - para a criançada, uma fabulosa troca de informações inter-idades.

Existe ainda aquele da cidade de Atlanta, nos EUA. O Georgia Aquarium é considerado o maior do mundo e foi aberto em 2005 com seus 30 milhões de litros de água coalhada por mais de 100 mil animais. O tanque princial do GA é um dos poucos do mundo a contar com tubarões-baleia, aquela coisa descomunal. E no local ainda se podem ver pinguins e focas, aquelas fofurinhas.

Aquários, com o perdão do clichê, são diversão pra família inteira. São bonitos, são interessantes, são divertidos, socam alguma informação nova pra dentro do nosso ser a cada visita. E ainda podem ensinar bons costumes para as crianças, que um dia vão tomar conta das nossas águas. Confesso que eu me ressinto bem de o Brasil não ter um suuuper aquário bonito pra mostrar.

Têm alguns aqui e ali - e parece que na cidade de Fortaleza há um projeto de aquário quase ganhando vida. Tomara que vire mesmo. E quem sabe um dia a gente vai estar esculhambando e fazendo como o pessoal de Fiji, que nem faz questão de trazer os bichos pra cima, mas sim de mandar os viajantes pra baixo. No Poseidon Undersea Resort, a hospedagem acontece mar adentro - e o pessoal dorme, janta e etc. com o oceano todo em volta pela bagatela de US$ 30 mil para o casal pela semana.

Meio claustrofóbico? Ué, os peixinhos aceitam isso em várias cidades do mundo só para nos mostrar parte do seu modo de vida. Nada mais justo que mostrar respeito e inverter um pouco a diversão.


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Gente como agente

Eu acreditava que agente de turismo era como personagem do folclore, como o boitatá ou a mula-sem-cabeça - sabia que muitos já tinham visto, mas nem considerava a existência deles. Eu estava bem enganada.

O caso é que, sempre que eu telefonava em agências de turismo por um motivo ou outro - em geral, só pesquisando os preços praticados pra decidir mais tarde - era atendida por mocinhas displicentes, desmotivadas e meio desinformadas. Nunca sabiam direito se esse ou aquele hotel eram bem localizado, se existia vôo direto ou só com escalas, se era melhor alugar carro ou ir de trem. Ficava claro que o caso ali era vender pacotes, não guiar o viajante. Não tinham muito saco pra ser agentes.

Até que um dia, checando preços para férias no Nordeste, encontrei a Carol. Foi pura sorte, eu admito: liguei no PABX e a recepcionista passou para quem estava livre. Estava a Carol. A Carol, desde então, faz cotação pra todo canto que eu decido ir. Algumas vezes eu fecho com ela, outras vezes não. Ela sabe disso. E nós duas sabemos que, mesmo quando o preço dela não é o melhor, ainda há imensa chance de que eu assine com ela assim mesmo - porque a Carol cota preços muito rápido, conhece os destinos, sugere opções, faz tudo por escrito, dá descontinho quando pode. Ela facilita.

E o agente de viagem, desde que seja bom, pode quebrar galhíssimos ao preparar uma viagem. O agente, ao contrário de nós humanos, tem números mágicos que, se inseridos corretamente, acham vagas em aviões, acham tarifas promocionais e acham quartos de frente pro mar com o mesmo preço do quarto com frente pro muro. E, já no destino, mesmo por telefone, às vezes nos salvam de belas roubadas.

Um bom agente acaba ficando nosso chapa - e quando a gente indica o trabalho dele pra outros, ele ganha mais clientes e fica feliz. Porque agente bom tem clientes, não é um mero atendedor de telefone que cospe preços e depois te esquece.

Quando planejamos viajar com milhagem ou ficando em casa de amigos etc., muitas vezes o agente não faz diferença. Eu demorei a atentar pro trabalho deles por isso - passei muito tempo viajando com milhas e tal, e então era eu mesma minha agente. Mas quando entra em cena o pacote, ter um agente passa a ser vantagem (ainda que isso não deva isentar o bom viajante de pesquisar por conta, hein?).

Claro, isso se o agente for do tipo que pesquisa mesmo, que aceita reservar os hotéis que você mesmo pesquisou e achou bons, que é flexível e entende seu estilo de viajar. A Carol nem pergunta mais se eu quero meia pensão. Ela sabe que eu janto em hotel na boa e não arrasto criança cansada pra berrar em restaurante à noite.

Amanhã começa o feriado e eu acho que, se você ficou sem planos, custa nada ligar agora em umas agências,  fazer uns amigos e saber se rolam umas vaguinhas de última hora. Custa nada conhecer gente nova - ou agente nova.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Eles quebram, a gente se vinga

Já tive malas extraviadas na família e sei que isso pode causar uma comoção como poucas coisas na vida. Extraviada na ida, custo alto de reposição dos pertences; extraviada na volta, o caos, o sofrimento e a penúria de perder o terço comprado no Vaticano pra Tia Celeste. Mas avaliando bem, pior que ter a mala perdida - ah, convenhamos, aquele pijama era um trapo mesmo e já foi tarde! - é ter um bem avariado pela companhia aérea.

Porque, muitas vezes, a coisa não pode ser reposta. Tudo bem tentar comprar um novo carrinho de bebê com a indenização que a empresa pagará por aquela que ela esmigalhou, mas e algo mais pessoal e precioso? A sua guitarra, por exemplo?

Pois teve um músico norte-americano que, despojado compulsoriamente de seu objeto de trabalho pela United Airlines, decidiu tomar providências. Ignorado e mal-atendido pela companhia, ele renovou sua alma de um jeito mais criativo: compôs, gravou e veiculou pela internet a canção "United Breaks Guitars" ("A United Quebra Guitarras"). Simples e direto, precisa nem entender inglês tanto assim pra sacar o que a companhia fez com ele.

O video nem é novo, mas eu quis dividir - e lembrar a todos de embalar muito bem seus instrumentos musicais ao voar pela supracitada empresa aérea.


Letra e ritmo tão bons que a gente fica cantando horas!
Pena ser uma história tão triste...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

As cinco grandes besteiras...

... que a gente faz ao arrumar a mala

Na verdade, acho que a maioria de nós faz muito mais do que cinco grandes, enormes e rechonchudas besteiras quando arruma a bagagem para viajar. Estas, porém, são as mais grosseiras - e acontecem democraticamente tanto pra viagem para ali pertinho quanto pra volta ao mundo.

1. Levar mais do que dois pares de sapatos
Tem aquele que será usado ostensivamente (botinas no trekking nepalês ou chinelo em Jeri, por exemplo), aquele semi-ajeitado pro caso de um evento noturno em volta da fogueira ou no restaurante e... pronto! Pra que mais? Bom, tem que discorde e queira levar o salto alto, a melissinha, o social de verniz, a pantufa do Pateta... Precisar, não precisa - e, te dizer, tem nada mais diabólico do que tentar acomodar sapatos na bagagem.

2. Lotar a dita cuja na partida
Daí, já para sair de casa, é preciso sentar no tampo e fazer pressão de parturiente para lacrar a desgramada. E eu pergunto: ao chegar em Acapulco, onde vai caber o sombrero adquirido? Ou os vidros de doces em Tiradentes? Ou o fardo de tecidos de Nova Déli? Sair de casa já com a mala no limite é bobagem, porque sempre a gente vai querer comprar um coisinho a mais e não haverá espaço pra ele (até porque a roupa suja da viagem parece triplicar de tamanho na volta). E toca se avexar na loja de bagagem pra comprar mais uma unidade.

3. Levar itens que podem ser comprados no destino
Eu sei, porque eu fui a débil que levou para a Itália a mala da criança forrada com pacotes de fraldas, latas de leite, o sabonetinho e itens similares. Até que, pra me mostrar como a vida é pra ser vivida e não ticada numa listinha, o destino se encarregou de extraviar a mala da Sabrina. E aí? Aí a gente vai na farmácia, se dirige à prateleira pretendida e escolhe tudo de novo. E aí a gente descobre que tudo lá, mesmo em Euro, custa mais barato e tem qualidade 87 vezes melhor. E aí a gente para de viajar com a mala plena de tubos de xampu, condicionador, etc. Agora paro logo na farmácia em cada viagem e faço uma feirinha. Nunca me arrependi e já arrematei coisa boa que só vendo.

4. Esquecer o kit de remédios
Por outro lado, deixar pra trás os medicamentos que estamos acostumados a tomar é uma falha grandona. No exterior, pior que aqui, comprar remédio é impossível sem receita - e vai você explicar pro médico tcheco que está sentindo uma dor entre o esôfago e o estômago? Pra não entrar na mímica, o melhor é fazer uma sacolinha que contenha pelo menos algo pra dor de cabeça, pra dor de barriga, pra resfriado e pra tudo o que costuma te acometer - no meu caso, eu não saio sem um relaxante muscular, porque minhas costas adoram fazer graça; meu marido, o Viajante Profissional, esquece o dinheiro mas não esquece seu remédio contra cólica renal. Cada um com seus achaques - e suas pílulas.

5. Escolher um modelo estúpido de mala
Parecia bonito na loja, né, aquela coisa rígida, imensa e rosa-choque, tão linda, tão Barbie. Pois a maldita é estreita, tem uma alça retrátil pra carregar, não faz curvas e bambeia quando a gente precisa correr. Nos dá a sensação de estar levando um guepardo na coleira, não a bagagem. Isso significa que escolhemos a mala errada. A certa para em pé sozinha, tem fácil acesso por zíperes, se desloca com rodinhas independentes, tem alça que para erguida ou recolhida. E pode até ser rosa-Barbie, mas esse não é seu principal atrativo. Chegar no destino sem dar trabalho é que é.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nem parece uma companhia aérea

Sabe quando a gente fala que foi para São Francisco, Califórnia, e emenda logo um "olha, nem parece Estados Unidos, viu..."? Voar pela empresa Virgin rende quase o mesmo subtítulo usado por gente nojentinha.

Nos aviões da Virgin os assentos são tão ínfimos quanto em qualquer outra companhia (e a desagradável sensação de estar a uma distância crítica do cabelo da pessoa da frente também aparece ali). Fora isso, porém, a Virgin tenta ser mais moderna.

O lanche de bordo é pago - e isso seria ruim, não fosse o fato de haver opções supergostosas, fresquinhas e bem apresentadas. Basta checar na telinha da sua poltrona (porque todas têm) o cardápio, selecionar a escolha, passar o cartão ali mesmo, no dispositivo acoplado, e em minutos a comissária traz o pedido. Melhor do que levar de graça uma cumbuca de lasanha que consegue a proeza de ser seca e gosmenta ao mesmo tempo, vai?

A telinha ainda dispõe de diversos canais de filmes e de emissoras de TV - dá pra ver desenhos no Cartoon ou notícias na CNN. E é por ela, também, que chega a ideia mais simples e mais bacana da Virgin.

Todas aquelas recomendações que as comissárias costumam dar antes do vôo são concentradas pela Virgin em um video de segurança divertidíssimo - e muito completo, muito bem produzido e muito mais útil do que tentar entender uma voz que sai desgraçadamente de um alto-falante porco, como no século passado. O vídeo tem todas as informações que qualquer passageiro precisa e, de tão gracinha, cativa a atenção de todos pelos seus 4 minutos. Ou seja, mais eficaz também.

Acho bom quando as companhias aéreas começam a ver que o povo não precisa ser tratado como gado e inovam, ainda que só um bocadinho. Desejo que o movimento continue. E quem sabe um dia a gente consiga viajar de avião sem roçar excessivamente no corpo de gente desconhecida.



Minha parte favorita é a da freira

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Turista, mas com jeito de nativo

É sério, tentar se passar por um morador local ao viajar para longe é muito difícil. É difícil até viajando para perto - vai o paulistano da gema se meter a soteropolitano, pra ver o trabalho que dá. E essa nem é uma tentativa válida mesmo. Ao viajar, querer se vestir, falar ou agir como um local não tem uma utilidade prática (e me poupe de besteiras do tipo "ai, credo, vai que notam que eu sou brasileiro"). Há um modo, porém, de se sentir mais ligado ao lugar que se visita: deixar o hotel de lado e apostar no aluguel de curto período.

Alugar casas ou apartamentos no estilo "short therm" já é uma prática comum para muitos viajantes - europeus, por exemplo, apreciam muito essa forma de se hospedar. Lá no Velho Mundo, aliás, é muito fácil encontrar sites que fazem a intermediação do negócio. Os melhores são os que usam o respaldo de imobiliárias para operar (o que dá mais garantias ao usuário em caso... bem, de as fotos e descrições se mostrarem pura ficção).

O ganho principal é bem óbvio: enquanto um hotel de três estrelinhas em Paris pode custar algo em torno de 200 euros ao dia, por exemplo, um apartamento alugado pode sair por 700 euros pela semana toda. Num exemplo como esse, o espaço do apartamento é em geral maior que de um quarto da hotelaria - contando, além do quarto, com ao menos sala, cozinha, banheiro. Quem sabe até uma varandinha pra se encantar com o movimento.

Em Buenos Aires, a coisa também funciona - e é quase uma pechincha difícil de acreditar. Apartamentos de dois quartos, que acomodam até quatro pessoas e contam com as facilidades de uma casa, chegam a custar algo em torno de US$ 600 pela semana inteira. Em um hotel de mais gabarito na capital portenha, gasta-se isso facilmente em uma noite.

A prática vem se tornando comum para muitos viajantes que já se cansaram da cara impessoal dos hotéis. E também para aqueles que curtem ir aos mercadinhos revistar prateleiras e entender o gosto local ao cozinhar. E também para quem gosta de sair de casa para ver algo novo, mas também gosta de manter o hábito de ir comprar o jornal no sábado e lê-lo calmamente na varanda bebericando um café feito por si mesmo.

Pode não ser uma boa ideia, por outro lado, para quem viaja e gosta de ter sua cama feita pela doce camareira ou acha muito mais negócio apanhar o telefone no criado-mudo e pedir um misto-quente pronto!

O certo é que, optando pelo aluguel nas férias, é grande a chance de sentir mais fundo o gostinho de viver numa cidade que não é a sua. E ficar mais local a cada "bom dia" para os vizinhos.

Para uma pesquisa, se for do seu agrado: http://www.parisattitude.com/, http://www.bairesapartments.com/, http://www.rentalinrome.com/, http://www.barcelonaforrent.com/, http://www.foxtons.co.uk/.


Vai um puxadinho em Londres?

terça-feira, 29 de março de 2011

O que é que tem na mochila da mamãe

Vamos esclarecer bem: ter filhos não significa deixar de viajar, tá bom? Pode ser que a grande volta ao mundo num balão seja adiada e que não seja esse ano o melhor para subir os vulcões da Islândia ou percorrer a cavalo o deserto de Gobi. Mas depois de ter filhos, é possível sim manter aquele espírito de viajante. Basta investir um pouquinho mais em planejamento.

Organizar a ida de avião, por exemplo. A mala de mão terá que ser revista depois que a família aumentar - e provavelmente sairá de cena aquela bonita bolsa de couro chatíssima de carregar no antebraço e será a estréia de uma prática mochila. Mães precisam fazer a troca, porque é mais prático e seguro ter os braços livres em vez de dominados por bolsas bonitas e casacos chiquérrimos. Vai que o moleque dispara a correr pelo corredor do embarque, sabe como é...

A mochila para viagens aéreas com menos de 4 horas pode ser simples: um casaquinho leve para a matriarca, uma roupinha extra para a criança; mamadeira vazia e leite em pó num saquinho tipo zip (porque a mamadeira cheia vai causar problemas no raio-X); umas duas fraldas para os que ainda a usam; e o combo chupeta + ursinho (ou paninho ou qualquer coisinha de apego).

Para viagens longas, a mochila há de conter mais itens. Além dos descritos acima, é bom levar um gorrinho e uma mantinha leve para evitar que a cabine-geladeira de bordo cause resfriados. Consultando o pediatra, também é possível saber o que ele recomenda na questão dos remédios contra enjôos (que muitos usam para que a criança se acalme e durma) - e acrescentar à mochila "just in case". Também é importante levar um brinquedo qualquer, desde que nada com pecinhas minúsculas que vão desbarrancar avião afora. Para os maiores, revistas de atividades compradas ali no aeroporto mesmo costumam ser muito celebradas.

As crianças com mais de 4 anos gostam, aliás, de levar suas próprias mochilinhas - e ali é bacana armazenar algo que eles escolheram levar. Assim já vão aprendendo como ser viajantes descolados (e organizados) logo cedo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Por toda Nova York

Nova York é sempre Nova York - e sempre, sempre um ímã para brasileiros em férias. Dar uma mordidinha na Grande Maçã é tão apetitoso para os turistas que muitos já estão na segunda, terceira, quarta visita. O caso é que brasileiros tendem a jogar na retranca quando se trata de reservar um hotel em Nova York.

Para quem estréia na cidade norte-americana, vá lá, faz sentido escolher uma hospedagem "no meio do caminho", na região central de Manhattan. Estar no ponto médio da ilha significa estar perto de muitas das atrações principais, da Broadway - e seus shows, e suas lojas, e aqueles painéis todos que rendem fotos - e estar relativamente próximo do Central Park, talvez o lugar mais bacana de NY. Mas existe vida além de Midtown.

O sul de Manhattan guarda hotéis preciosos, novos e modernos, chiques tipo boutique ou mais maneiros. Se hospedar na região do Village ou do Soho garante conhecer o estilo de vida menos caótico e mais cool de Nova York. Por ali estão o Mercer e o 60 Thompson, por exemplo, dois ótimos hotéis para quem quer curtir o clima dos bairros mais descolados.

Um pouquinho acima e ao lado do Village está o bairro chamado Meatpacking ("pacote de carne", o bairro que concentra diversos açougues e entrou na moda há alguns anos pelas mãos de filmes e séries de TV passados ali). Um bom exemplo de hospedagem divertidíssima no Meatpacking é The Jane Hotel, enfiado em um predinho de esquina com vista para o rio Hudson. Os quartos mais modestos, a ótimos preços, são como cabines de um barco - e o lobby é uma curtição à parte.

Nova York também viu nascer bons hotéis em bairros como Murray Hill, no leste da ilha de Manhattan, e Chelsea, mais perto do centro. São bons lugares para quem viaja em família e gosta de uma estadia mais sossegada, menos corrida, mais... mais família, ué.

E para quem já viu e reviu Manhattan e seus atrativos, arriscar atravessar as pontes dessa ilha também pode render excelentes surpresas. Williamsburg, ligado à ponte de mesmo nome, é um dos bairros mais aclamados dos últimos tempos, com dezenas de ótimos restaurantes - e os hotéis na cola. O Le Jolie, hotel-boutique, é um deles.

Mais abaixo, no Brooklyn de fato, quem quer dizer que realmente conhece um "algo a mais" de Nova York também pode fixar pouso. Especialmente em Brooklyn Heights estão ótimos hotéis, vida noturna divertida, lojinhas curiosas, excelentes cafés. Diversos hotéis de cadeia, como as redes Marriot, Hilton e Sheraton, perceberam o potencial do bairro há tempos e têm opções disponíveis.

Enfim, é questão de enfiar a cara no mapa e sair do lugar comum direto para um lugar mais inovador ao reservar seu próximo hotel em Nova York.


Por que não no Brooklyn?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Tá com o passaporte em dia?

Se não estiver, serve só o RG. Serve só a carteira de motorista, aliás. Bom, a bem da verdade verdadeira, pra fazer turismo não precisa de qualquer documento, basta fazer a mala e ir - nem que seja pra ir logo ali, pertinho, curtir uma nova paisagem, uma comida diferente, um outro tipo de costume. Fazer turismo, para quem gosta de fazê-lo mesmo, é a coisa mais simples. No dicionário também se chama "viajar", mas a gente aqui não vai ficar com preconceito com a palavra "turismo" também. Somos turistas mesmo! Todos nós! Bastou juntar a trouxinha e rumar pra um lugar diferente na intenção de curti-lo - e quem sabe clicar uma fotos - já é turista.

Eu gosto tanto de ser turista que nem tenho medo de dizer que sou. Gosto de pagar mico pedindo um prato muito do esquisito (pra depois descobrir que a carne é de cavalo); gosto de bater perna até criar bolhas pra encontrar aquela igreja miúda que me indicaram; gosto de abrir o guia em plena esquina e escolher entre o museu X ou o parque Y. Não faço nem questão de parecer local. E tem coisa mais tonta que turista querendo parecer nativo? Tudo bem, a gente não precisa falar naquela outra língua quase aos gritos para pedir informações (afinal o povo de tal lugar não é surdo, tem apenas outra nacionalidade...). Mas tudo bem levar a garrafinha d'água em uma das mãos e a máquina fotográfica na outra. Faz parte.

Faço turismo com gosto e viajo com mais gosto ainda. É que eu viajo inclusive sem sair de casa, pesquisando futuros destinos, navegando na internet, voando sobre mapas. Aqui, o que eu quero é isso mesmo: te levar comigo pra viajar por aí, saber das novidades do mundo, conhecer dicas e detalhes de um ponto distante, comentar sobre manias, truques e invenções de quem viaja de coração aberto. O lugar é bom, já adianto: você vai sempre viajar comigo na janelinha (da internet, que seja), olhando tudo bem de perto.

Vamos nessa? Minha bagagem tá sempre pronta.