domingo, 3 de julho de 2011

Camelar ou vagabundear?

Toda vez que chega aquela boa oportunidade de dar uma escapada e viajar, vem logo a primeira dúvida: qual será a "pegada" dessas férias? Bunda na areia numa praia? Pança recheada num hotel tipo fazenda? Longas caminhadas pela metrópole afora? Festa radical em meio a trilhas, cordas, capacetes e aquela ideia masoquista de montar em uma bóia e se largar rio abaixo?

Escolher o mote da viagem fica, no fim das contas, entre duas possibilidade essenciais: se fazer de vagabundo ou se fazer de alucinado. Tem quem prefira a primeira opção; essas são as pessoas que, ao entrar em descanso, querem descanso DE FATO, sem gastar mais do que 28 calorias por dia (28 calorias essas que serão usadas apenas pra virar de lado na espreguiçadeira). É justo. Quem trabalha pra valer, sol a sol, se ferrando lindamente todo dia costuma preferir as férias vagabundas.

Nas férias vagabundas a gente só se alimenta do que estiver mais perto, só veste roupa que cabe na palma da mão, só faz exercício se esse exercício for se esgueirar até a piscina - e lá boiar. O bom das férias vagabundas é a certeza de voltar dela completamente renovado fisicamente. As dores do corpo aprisionado em ternos e sapatos fechados vão embora, cresce um pneuzinho delicioso nos flancos da barriga e até o cabelo tira uns dias de folga da chapinha. A contraindicação de férias assim é o banzo que vai dar na volta, quando a gente só conseguirá se lembrar de ter feito um sonoro nada.

Já as férias do outro tipo, as agitadinhas, congregam descanso-zero. Nelas a gente bate perna pra toda sorte de museu, restaurante, parque, monumento, igreja, escadaria ou faz tudo aquilo lá, os esportes radicais. É um tal de escalar pedra, escorregar na caverna, pendurar no cabo de aço, ralar joelho na terra, beber água de corredeira... Ufa. O corpo volta um caco - mas a mente, essa parece renovar cada ligação neurológica. Ao terminar, a gente só precisa fechar os olhos pra recordar feliz aquela linda estátua, aquele altar de ouro, aquele lago profundo, aquela luxação no dedão. É colocar a bolsa de água quente na lombar e curtir todas as novas referências.

Tanto um tipo de viagem quanto o outro tem suas vantagens. E cada tipo de pessoa curte mais ou menos cada uma delas. Tudo bem, tem gente que simplesmente odeia sentar de frente pro mar e passar a tarde na companhia de uma revista estúpida e uma piña colada, acha isso um desperdício; e tem quem deteste vestir sapatos confortáveis, segurar mapa e andar três horas pra encontrar uma maldita capela, acha isso uma babaquice. Mas eu acho que a melhor fórmula talvez seja intercalar.

Uns dias na preguiça no iníco do ano, uns dias de correria turística no meio dele... Quinze dias de dolce far niente no verão, quinze dias de compras, ingressos, mochilas e tênis reforçado na primavera. Que tal? Faz seu gênero? Taí uma dúvida boa de se ter.


Era tudo o que você queria? Ou faltam uns prédios aí?

3 comentários:

  1. Eu consegui camelar e andar sem parar em... Gramado! :-p

    Conheci a cidade inteira à pé e praticamente todas as cidadezinhas da região. Deixei uns diazinhos para dormir até tarde em Sumpaulo mesmo. ;-)

    ResponderExcluir
  2. Ah, decisions, decisions... eu também gosto de intercalar, Flá. Voltei há pouco de uma boa camelada de 20 dias por Nova York e tudo que eu sonho agora é passar os 10 dias restantes de férias tendo o único trabalho de alcançar o copo de caipirinha e de olhar as ondas do mar. Aí na próxima folga eu volto a colocar o mapa debaixo do braço pra explorar cidades, museus e afins. ;-)

    ResponderExcluir
  3. Cidade pequena, então, é muito propícia pra camelar, concorco contigo, Paulinha! Uma vez desembarquei em Verona, na Itália, às 7h00 - e como o hotel ficou com as malas mas não permitiu nosso check-in, fomos camelar logo cedo. Ao meio-dia já tinha conhecido toda Verona! Rs!

    Mari, na semana que vem estarei atendendo no meu escritório na areia esquina com a barraca da birita, viu? Camelar, só ano que vem. ;-]

    ResponderExcluir